MANO FATO MANO


Projeto de Curadoria e Exposição, desenvolvido com Ligia Nobre, contemplado no Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo 2014. 

O projeto expográfico de MANO FATO MANO explora a transparência da Sala Tarsila do Amaral do CCSP – Centro Cultural São Paulo e as vistas para a cidade, principalmente a Avenida Vinte e Três de Maio e a Rua Vergueiro, eixo norte-sul significativo de São Paulo, entre os bairros do Paraíso e Liberdade.

Uma grelha de linhas horizontais diagrama os trabalhos do acervo da Coleção de Arte da Cidade, perpendicular aos trabalhos dos artistas convidados. Cada (série de) trabalho tem um suporte específico, diverso, aproveitando os expositores do acervo do CCSP ou ganhando estruturas especialmente projetadas. 

Desta forma espera-se criar uma multiplicidade de relações e atravessamentos entre os trabalhos, ao se explorar cheios e vazios, variados planos de visualidade em alturas diversas, aproximando e ativando os vetores e questões propostos pelo projeto.

Usos comuns ao CCSP como estudo e leitura, aulas de desenho, aulas de música, ensaios de dança, dentre tantos outros, serão acolhidos e incentivados pelo espaço expositivo e pela programação de oficinas e conversações. Uma arena com arquibancadas móveis, emprestadas pelo Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, abrigará boa parte dessas atividades.

 

 

MANO FATO MANO instaura um espaço de reflexo e reflexão, permitido e ativado por desenhos e ações que informam o cotidiano nas cidades e, particularmente, em São Paulo. São desenhos que ativam e registram ações potentes. Desenhos que revelam, criam deslocamentos, e trazem para o universo gráfico a potência da ação de realizar coisas. Operam como ferramentas de empoderamento, manipulação, acessibilidade, conflito, manifestação, expressão, comunicação.

Assim como no brinquedo gira-gira — cuja força motora é gerada individual e coletivamente —, o girar permite um caleidoscópio de múltiplas perspectivas e usos. A exposição articula (séries de) trabalhos da Coleção de Arte da Cidade — de Antônio Lizárraga, Gladys Maldaun, Guto Lacaz, Leon Ferrari e Marcos Troncoso —; contrapostos a trabalhos convidados — de Ciro Ghellere, Claudio Bueno e Cristiano Rosa, Diogo de Moraes, Raphael Escobar e Vitor Cesar. Cada trabalho tem um suporte específico, diverso, gerando uma multiplicidade de relações, visualidades e atravessamentos. Os usos comuns ao Centro Cultural São Paulo são acolhidos e incentivados pelo espaço expositivo e pela programação.

MANO FATO MANO interroga a manipulação das notícias dos fatos mal explicados; as manifestações coletivas e singulares nos espaços públicos; os conflitos de interesses e violências; a abstração do capital financeiro internacional; as condições precárias de trabalho dos operários da construção civil, que reificam os modos extremos de exploração; os marginalizados pela cidade que ajudam a construí-la; a potência dos manos e minas que pautam estéticas e formas de vida; o saber-fazer manual; os gestos anônimos, autômatos, autônomos cotidianos.

Mãos que constroem e destroem objetos, edifícios, ruas, cidades, territórios, existências. Manufatura potente e sensível das ações humanas e não-humanas. Elaborado de modo experimental-colaborativo, junto com a equipe do CCSP, este projeto compreende exposição, linguagem visual, site — manofatomano.net —, publicação, ações e conversas, que compõem o visível-invisível que os desenhos (e o desenhar) desvelam e deslocam, práticas artísticas-políticas que inventam mundos outros. 

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